domingo, 8 de dezembro de 2013

UM CONTO DE NATAL EM LOBITO

UM CONTO DE NATAL
EM LOBITO
 
Era Dezembro 1974, ainda me lembro...
A Tarde corria em alegria, que ardia em desejos e pedidos,
cheia de olhares perdidos de "Cadengues" confundidos,
que em correria por de entre as montras enfeitadas,
tão movimentadas como engalanadas de Dourados e Prateados,
mais umas Luzinhas brilhantes, umas constantes, outras cintilantes,
e ainda outras montras, num concurso em curso,
qual Presépio o mais bonito, da Cidade do Lobito...
E, a Tarde corria, entardecia, anoitecia, e o Milagre acontecia...
As ruas iluminadas, o Mercado também,
lá ao longe vê-se e bem a Árvore de Natal e as Boas Festas,
no Prédio Universal...
Tudo é luz, tudo seduz, mas na penumbra de uma rua festiva,
um Vulto, curvado de cansado, volta de um dia trabalhado,
de uma vida dura e crua,
de mais um dia, igual a outro qualquer dia, mas diferente,
 e "ele", o Vulto, indiferente, não o sabia, ou sabia?
Mas sim, era um dia diferente, um dia, talvez só esse dia,
o dia que os "Cadengues" não precisavam que os "Cotas"
falassem do Homem do Saco, uma Lenda viva,
o Chicocuma, pois tudo era feito sem defeito e a preceito,
porque o Menino Jesus iria aparecer à Meia Noite,
para trazer as prendas a quem comia a sopa toda e se portavam bem...
Mas, também,
tinha que ser logo nesse dia, o dia de Natal,
o tal, o da Família em reunião, em união,
e ele,
só, sem ninguém, na solidão do seu caminho,
voltava para o seu Ninho, à sua "Cubata",
no seu querido Bairro, a Canata...
A noite cresceu, ele percorreu esse caminho,
e quando finalmente chegou, preparou tudo igual ao que igual fazia
em outro qualquer dia, e com a mesma alegria tudo arranjava,
pois era disso que se tratava, Amanhã, era mais um dia,
 e a Jornada começava bem cedo, e quando a manhã voltasse,
voltava o medo que as crianças uma a uma,
tinham do Velho do Saco, um simples trabalhador,
 o bondoso Chicocuma,
e tudo voltaria a ser normal, Natal já ia, 
restava a alegria do dia a dia, e a esperança que a criança
de bom e bem alcança, no já, Natal que vem...
 
Réjo Marpa 
 
Foto de Mário Rui Ribeiro
 
 
  

Sem comentários:

Enviar um comentário