BASTA SERMOS NÓS
ELE – Há uma coisa que me faz confusão… Qual a razão
de só a ver à
noite?
ELA – E se eu lhe perguntar qual a razão, porque só o
vejo de dia, o que
me responderia? Ou não o faria?
ELE – Na verdade não vou responder e vai desculpar-me o estar a
perguntar, mas se o faço, o que espero não lhe causar
nenhum embaraço,
é por sabê-la tão linda, majestosa, de uma beleza infinda,
tão misteriosa
para a esconder…
ELA – E você? Quando aparece é sempre caloroso,
irradia tanta energia,
que o dia brilha sempre com mais intensidade, tal a
luminosidade que faz
transparecer, e com ela aquecer qualquer lar.
ELE – Não faça a minha vaidade crescer, pois eu apenas
tento aquecer o
lugar, torná-lo mais confortável, contornável, para se
poder desfrutar com
o mínimo de qualidade, ao passo que você, entra com tão
grande
intensidade e sentido profundo, no ego do mundo…
ELA – Exagero meu amigo, se tivesse o seu poder, saberia
o que fazer com
a minha timidez e talvez não fosse tão exigente,
porque sei que vou ter
sempre que depender de terceiros, parceiros para
iluminar muita gente, o
que me deixa insegura, talvez até muito imatura, e por
isso só me poder
dar a conhecer de quando a quando, aparecendo e
desaparecendo pela
noitinha, sozinha…
ELE – Mas amiga, para quê tanto mistério, a sério,
você é linda, a sua
imagem então, é um clarão envolvente, de um calor tão
quente, que
quando se olha para ela, dá-se magia, a noite torna-se
dia, sei lá, a luz que
nos seduz…
ELA – Você não me compreende, não me entende… O meu
problema é tão
só
o meu aspecto, por achar não ser o mais correcto, mas você não vai
conseguir
entender, pode crer, porque isto é mais envolvente, podendo
por
isso, vir a ser muito deprimente…
ELE – Não acredito! Mas como não dou o dito pelo não
dito, torno a
repetir: Você é linda, e o mistério que a envolve,
fascinante, você tem
momentos em que é brilhante e os tempos em que
desaparece,
transparece uma nostalgia cativante…
ELA – Pois é, mas ando constantemente numa roda-viva,
tão cansativa,
apenas para conseguir atingir o que quero para não
andar deprimente,
mas infelizmente esta sua amiga, volta sempre ao ponto
de partida, ferida
na sua vaidade, na sua dignidade…
ELE – Isso são fases, são apenas fases, que vocês no
feminino dão muito
valor, mas que nós no masculino, sem qualquer pudor,
não damos tal
importância e das quais se pudermos queremos é
distância.
ELA – Sim, sim, quando é convosco, porque quando se
trata de nós, a voz
torna-se crítica, o olhar diferente e isto serve para
toda a gente, quer não
acredite ou seja crente.
ELE – Acha mesmo? Olhe para mim… Quando tenho algum
problema não
apareço… Se me apetece chorar, desapareço, escondo-me por
detrás de
algo espesso, e aí, dou azo a este meu dilema, e choro
copiosamente uma
chuva de lágrimas, porque sei de antemão que depois das
lágrimas
derramadas, virão raios esplendorosos em carradas…
ELA – É o que tento fazer… Estou cheiinha, faço
exercício durante uma
semana, emagreço, desapareço durante outra semana e
sabe você o
porquê? Porque não me consigo manter… Por isso volto e
lá estou eu a
engordar lentamente, até ficar novamente cheiinha…
Este é o meu
destino, está o menino a perceber agora o meu dilema?
Este é o meu
problema…
ELE – Mas que dilema? Que problema? Isso é destino,
sim, e que destino…
Ainda bem que assim é, pois ao contrário do que pensa,
você, cheiinha é
maravilhosa, poderosa, esplendorosa, e sabe que mais,
eu sinto-me
orgulhoso por poder dar sem nada receber em troca, só pelo
puro prazer
de desfrutar esse resultado maravilhoso.
ELA – Amigo, você é a minha luz, o meu Sol…
ELE – E você amiga, é o meu Luar, Lua…
O SOL PÔR, A LUA AO DISPÔR...
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