MISTURA
A BRINCAR
BRINCANDO A MISTURAR
ELA
– Que procuras?
ELE
– Farto-me de procurar, e o que procuro, não consigo encontrar, não encontro,
por muito que esteja a procurar, porque não me consigo lembrar do que estou a
procurar…
ELA
– Se me disseres o que procuras, talvez te possa ajudar a procurar, por isso tens que te tentar lembrar, do que andas
a procurar…
ELE
– O problema da minha procura, é precisamente o que procuro, pois de tanto
procurar, esqueci-me do que procuro, não me consigo lembrar e olha que à muito
que estou a tentar…
ELA
– Sendo assim, realmente é difícil ajudar-te a procurar, porque se nem sabes o
que procuras, como te posso ajudar?
ELE
– Disseste outra vez ajudar? Estou tentado a aceitar a tua ajuda, porque uma
ajuda é sempre uma ajuda, e quem oferece uma ajuda é porque quer realmente
ajudar e eu seria parvo se não tentasse aceitar a ajuda de quem realmente está
tentado a querer ajudar…
ELA
– Eu posso tentar, e estou tentada a tentar desde que também queiras tentar, e
se tentares aceitar a ajuda que te quero dar, então vamos os dois tentar,
porque a dois é mais fácil ajudar…
ELE
– Eu também estou tentado a tentar aceitar, a ajuda que me queres dar, e se
aceitar, eu sei que também terei que dar, terei que ajudar, pois só assim, é
possível acreditar em quem nos quer ajudar…
ELA
– Assim é que é falar, mas vamos lá começar, porque se for falar por falar, nem
vale a pena tentar, porque se torna impossível ajudar quem não quer sequer
tentar…
ELE
– Então não vai falar, nem tão pouco argumentar, porque qualquer argumento,
pode atrasar o procurar e um atraso nesta procura é argumento de peso que no
fim pode pesar para não ter argumento, não poder argumentar.
ELA
– Já tentaste parar para pensar, o que estavas realmente a tentar procurar?
Começa por parar… Depois podes começar a tentar…
ELE
– Eu tento pensar mas ao pensar encontro no pensamento, pensamentos que me
deixam pensativo, e é pensativo que fico, porque não paro de me tentar lembrar,
daquilo que tenho estado a tentar procurar…
ELA
– Então pensa, ocupa o pensamento com pensamentos, mas pensa, olha, torna a
olhar mas com olhar de ver e vê se consegues ver, até conseguires ver o que
estavas a procurar nesse maldito jornal.
ELE
– Jornal? Eureka!... Já sei, e o que sei, é que a minha procura, o que eu tenho
estado a tentar procurar, era tão só a procura, de quem procurava por um
simples emprego…
ELA
– E o que tentas encontrar? O que te levou a pensar, puderes encontrar um
emprego no jornal? E o que procuras nessa procura?
ELE
– Sabes, adoraria ser cantor, porque para mim, o canto é o encanto que encanta,
é o encanto do encanto de cantar, é o sonho que me faz sonhar, e enquanto for
possível sonhar esse sonho, eu não vou deixar de tentar procurar por de entre sonhos,
aquele sonho, aquele que me tem feito sonhar; E tu, tu não tens o teu sonho?
Aquele sonho dos sonhos, o sonho que te faz sonhar?
ELA
– Tenho pois… Eu, eu adoraria ser dançarina, porque para mim, a dança é o balanço
que balança, é o balanço do balanço de dançar, é o equilíbrio que faz baloiçar
o balanço da dança, no balanço de dançar duma dança singular…
ELE
– Então queres dizer que o canto e a dança…
ELA
– São o encanto que encanta…
ELE
– Quem dança…
ELA
– E quem canta…
RÉJO MARPA
Sem comentários:
Enviar um comentário