quarta-feira, 13 de março de 2013


MISTURA A BRINCAR

BRINCANDO A MISTURAR

 

ELA – Que procuras?

ELE – Farto-me de procurar, e o que procuro, não consigo encontrar, não encontro, por muito que esteja a procurar, porque não me consigo lembrar do que estou a procurar…

ELA – Se me disseres o que procuras, talvez te possa ajudar a procurar, por  isso tens que te tentar lembrar, do que andas a procurar…

ELE – O problema da minha procura, é precisamente o que procuro, pois de tanto procurar, esqueci-me do que procuro, não me consigo lembrar e olha que à muito que estou a tentar…

ELA – Sendo assim, realmente é difícil ajudar-te a procurar, porque se nem sabes o que procuras, como te posso ajudar?

ELE – Disseste outra vez ajudar? Estou tentado a aceitar a tua ajuda, porque uma ajuda é sempre uma ajuda, e quem oferece uma ajuda é porque quer realmente ajudar e eu seria parvo se não tentasse aceitar a ajuda de quem realmente está tentado a querer ajudar…

ELA – Eu posso tentar, e estou tentada a tentar desde que também queiras tentar, e se tentares aceitar a ajuda que te quero dar, então vamos os dois tentar, porque a dois é mais fácil ajudar…

ELE – Eu também estou tentado a tentar aceitar, a ajuda que me queres dar, e se aceitar, eu sei que também terei que dar, terei que ajudar, pois só assim, é possível acreditar em quem nos quer ajudar…

ELA – Assim é que é falar, mas vamos lá começar, porque se for falar por falar, nem vale a pena tentar, porque se torna impossível ajudar quem não quer sequer tentar…

ELE – Então não vai falar, nem tão pouco argumentar, porque qualquer argumento, pode atrasar o procurar e um atraso nesta procura é argumento de peso que no fim pode pesar para não ter argumento, não poder argumentar.

ELA – Já tentaste parar para pensar, o que estavas realmente a tentar procurar? Começa por parar… Depois podes começar a tentar…

ELE – Eu tento pensar mas ao pensar encontro no pensamento, pensamentos que me deixam pensativo, e é pensativo que fico, porque não paro de me tentar lembrar, daquilo que tenho estado a tentar procurar…

ELA – Então pensa, ocupa o pensamento com pensamentos, mas pensa, olha, torna a olhar mas com olhar de ver e vê se consegues ver, até conseguires ver o que estavas a procurar nesse maldito jornal.

ELE – Jornal? Eureka!... Já sei, e o que sei, é que a minha procura, o que eu tenho estado a tentar procurar, era tão só a procura, de quem procurava por um simples emprego…

ELA – E o que tentas encontrar? O que te levou a pensar, puderes encontrar um emprego no jornal? E o que procuras nessa procura?

ELE – Sabes, adoraria ser cantor, porque para mim, o canto é o encanto que encanta, é o encanto do encanto de cantar, é o sonho que me faz sonhar, e enquanto for possível sonhar esse sonho, eu não vou deixar de tentar procurar por de entre sonhos, aquele sonho, aquele que me tem feito sonhar; E tu, tu não tens o teu sonho? Aquele sonho dos sonhos, o sonho que te faz sonhar?

ELA – Tenho pois… Eu, eu adoraria ser dançarina, porque para mim, a dança é o balanço que balança, é o balanço do balanço de dançar, é o equilíbrio que faz baloiçar o balanço da dança, no balanço de dançar duma dança singular…

ELE – Então queres dizer que o canto e a dança…

ELA – São o encanto que encanta…

ELE – Quem dança…

ELA – E quem canta…

 

 

                                                                                                             RÉJO MARPA

Sem comentários:

Enviar um comentário