terça-feira, 18 de agosto de 2015

MERCADO DOS ESCRAVOS (Lagos Cidade Viva)

MERCADO DOS ESCRAVOS
(Lagos Cidade Viva)
 
Era Agosto,
o mês da sofreguidão mas também da "Escravidão"...
Era Agosto,
o gosto pelas "Vacances", o Verão e as suas nuances,
a Escravidão das Dietas,
o atingir das metas em "Corpos adelgaçados",
a escravidão dos bronzeados
de um Sol em uma Praia de areia quente,
sedenta de Gente, sedenta de prazer,
de biquínis que custam a ver,
de abdominais tais, que ferem a vista aos demais,
dos muitos passeios à beira-mar
feitos a pensar no momento...
O momento imperdível e inesquecível do primeiro mergulho,
o orgulho da silhueta em Terras do País da Nau Catrineta,
o tempo roubado por fim, dedicado à "Bola de Berlim",
a Praia, afinal o objectivo real, no Mês ideal...
O comer à pressa
porque o tempo passa depressa,
as pinturas, a roupa justa e os sapatos altos
no Feminino,
o cabelo, as tshirts mais curtas e as jeans
no Masculino,
os espelhos ocupados com os Pais desesperados,
a escravidão da beleza instalada numa Casa Portuguesa...
A Noite, o Centro pleno de ocupação,
a Avenida com Tendas ali à mão,
as Esplanadas de tanta Gente, cheias, sem chão,
a animação de rua sob uma Lua em união,
a conspiração da ida à Discoteca,
a negociação com os Pais para tal,
é a confusão geral...
O dia seguinte é o mesmo do mesmo,
pois aquele outro é igual ao outro,
que já tinha sido igual ao anterior,
cujo teor intencional são as férias de Agosto,
as férias de Agosto,
produto posto à disposição Nacional e Internacional...
Voltando à vida real, ao Mercado de Escravos,
sente-se os "Escravos" do tempo neste tempo,
nos novos escravos do tempo,
que nem tempo têm de descobrir a tempo
e com tempo,
como tempo os rouba tempo,
no tempo,
que é intemporal...
Como tal,
viajando no tempo e pelo tempo,
encontramos neste nosso tempo,
o tempo da escravidão da imagem de Liberdade,
que se esconde na inverdade
de um País de Liberdade...
Todavia,
envoltos neste ar de maresia,
em Prosa, Poesia,
ou em simples vaguear de palavras desencontradas,
que quando pronunciadas
são de um encanto, encantadas,
neste "Mercado dos Escravos", outrora dos mesmos Libertos,
que de tão longe na memória, tão perto estão na História,
e que vive Hoje, o dia de hoje, envolto de Livros,
que farão das suas histórias, a História do tempo no tempo,
tal como nós hoje, aqui, neste momento,
fazemos deste momento, O NOSSO TEMPO...
 
Réjo Marpa
 
Foto de: Teresa de Mendonça e Conceição

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